Supermercados em queda: 2 grandes nomes fecham várias unidades
A crise econômica global tem atingido diversos setores, mas o varejo alimentar parece ser um dos mais impactados. Com a inflação persistente, queda no poder de compra e mudanças nos hábitos de consumo, grandes redes de supermercados estão sendo forçadas a repensar suas operações e a reduzir sua presença física.
O reflexo disso não poderia ser mais claro: duas grandes redes internacionais, uma na Espanha e outra nos Estados Unidos, anunciaram o fechamento de várias unidades, algo que representa uma mudança drástica no setor.
Mas qual é o real motivo por trás dessa onda de fechamentos? E o que isso significa para o futuro do varejo alimentar?
Na Espanha, a Alcampo, parte do grupo francês Auchan, decidiu fechar 25 lojas e reduzir o espaço operacional em outras 15 unidades. Nos Estados Unidos, a Daily Table, uma rede criada com o objetivo de combater a fome e a obesidade, anunciou o fim de suas operações em todas as suas unidades.
Mas, apesar da dificuldade dessas grandes redes, surge uma pergunta crucial: o que podemos aprender com essas mudanças e como o setor vai se adaptar a uma nova realidade?
Vamos explorar o impacto dessas decisões e o que está por trás delas.

Alcampo fecha lojas: a transformação do varejo na Espanha
Na Espanha, a tradicional rede de supermercados Alcampo, do grupo Auchan, anunciou o fechamento de 25 lojas e a redução de espaço operacional em 15 outras unidades. Essa medida afetou cerca de 710 trabalhadores, o que representa aproximadamente 3% da força de trabalho da empresa no país.
A decisão faz parte de uma reestruturação mais ampla, que visa equilibrar os custos operacionais com a necessidade de se adaptar às mudanças no comportamento dos consumidores, que estão cada vez mais preferindo lojas menores, mais próximas e com integração digital eficiente.
Mas o que causou essa mudança? A aquisição de 224 unidades da rede DIA em 2023 revelou um problema: muitas dessas lojas não conseguiram atender às expectativas de desempenho devido ao seu tamanho ou à localização.
Essa sobreposição de pontos de venda e baixa rentabilidade geraram a necessidade de repensar a operação.
A estratégia da Alcampo agora se concentra em um modelo de negócios mais ágil e digitalizado, investindo em lojas menores e mais eficientes, além de fortalecer sua presença online.
A empresa também está modernizando mais de 60 unidades e implantando uma nova plataforma logística para reduzir custos e melhorar os prazos de entrega.
O fim da Daily Table: um impacto social que não resistiu à crise
Nos Estados Unidos, a situação da rede Daily Table é ainda mais dramática. Fundada com um objetivo social claro — oferecer alimentos saudáveis a preços acessíveis para combater a fome e a obesidade —, a rede anunciou o fechamento de todas as suas unidades.
A razão? A impossibilidade de levantar novos financiamentos em meio a um ambiente econômico desafiador.
A Daily Table, que atendeu mais de 3 milhões de clientes, se tornou uma referência no combate à insegurança alimentar, especialmente entre famílias de baixa renda. Mas, apesar de seu impacto social positivo, a empresa não conseguiu se manter financeiramente.
Em um comunicado oficial, a rede expressou sua gratidão pela comunidade que a apoiou ao longo dos anos, mas a falta de recursos para continuar suas operações se mostrou insustentável. O encerramento das lojas foi seguido por liquidações de estoques com grandes descontos.
Esse fechamento serve como um alerta para outras iniciativas no varejo alimentar. Mesmo com uma proposta socialmente relevante, a sobrevivência financeira no mercado competitivo é um desafio, especialmente quando se lida com altos custos operacionais e um cenário de incertezas econômicas.
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O futuro do varejo alimentar: digitalização e flexibilidade
Esses fechamentos, tanto da Alcampo quanto da Daily Table, são reflexos de um setor que está em um processo profundo de transformação. Empresas que antes se sustentavam com grandes estruturas físicas agora estão buscando soluções mais flexíveis, digitais e inovadoras.
O comportamento do consumidor mudou, e isso exige uma adaptação urgente para que os supermercados consigam não apenas sobreviver, mas prosperar.
A digitalização, por exemplo, tem se mostrado uma das soluções mais eficazes. A Alcampo, na Espanha, está investindo em um modelo multicanal e multiformato, com foco em lojas menores e mais ágeis, além de melhorar sua presença online.
Já outras empresas estão buscando integrar mais soluções tecnológicas, como entregas mais rápidas e sistemas de pagamentos mais eficientes.
Mas a digitalização por si só não é suficiente. A flexibilidade no modelo de negócios, a capacidade de adaptação às novas demandas e a redução de custos operacionais serão essenciais para a sustentabilidade a longo prazo.
O futuro do varejo alimentar será determinado pela habilidade dessas empresas em inovar, se ajustar às novas realidades e atender de maneira eficaz as necessidades do consumidor moderno.
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Lições do fechamento das lojas: o que podemos esperar?
O fechamento de lojas de grandes redes como a Alcampo e a Daily Table não é apenas um reflexo da crise econômica, mas também um sinal claro de que o setor de varejo alimentar precisa se reinventar para continuar relevante.
As mudanças nos hábitos de consumo, com uma busca crescente por lojas menores e mais eficientes, exigem que as redes se adaptem rapidamente. A digitalização e a flexibilidade serão, sem dúvida, os pilares para o futuro do varejo.
A principal lição que fica desses fechamentos é que, mesmo com grandes iniciativas e um impacto social positivo, o mercado é implacável e exige inovação constante.
O setor de supermercados precisa repensar suas operações, otimizar suas estruturas e integrar novas tecnologias para garantir que se mantenham competitivos no futuro. As redes que não se adaptarem a essas mudanças provavelmente enfrentarão mais desafios.
Em resumo, o futuro do varejo alimentar está em constante mudança. As grandes redes precisam entender que a crise é apenas uma oportunidade disfarçada para inovar e se conectar com os consumidores de maneira mais eficiente e relevante.
O setor está em transformação, e quem não acompanhar as mudanças corre o risco de ser deixado para trás.