O fim do Ford Focus marca o encerramento de quase 30 anos de história de um dos compactos mais queridos da marca. Lançado em 1998, o Focus rapidamente se tornou um símbolo de versatilidade, sendo amplamente reconhecido tanto na Europa quanto na América do Norte. Ao longo do tempo, ele vendeu mais de 12 milhões de unidades, um número que fala por si só sobre sua popularidade.
Nos últimos anos, a Ford tem se afastado da produção de carros de passeio. Em 2018, o Focus já tinha deixado de ser fabricado nos EUA. E agora, a marca determinou o fim da produção na Europa. O último modelo saiu da linha de montagem em Saarlouis, na Alemanha, e era um hatchback branco que, de certa forma, representa o fechamento de um ciclo importante.
A trajetória do Focus: dupla personalidade
O Focus sempre teve essa personalidade dúbia. Ele poderia ser tanto o carro econômico perfeito para o dia a dia quanto um esportivo com cara de poucos amigos, especialmente na versão ST. Lançado em 2002, o ST170 apresentava uma suspensão ajustada e um design que deixava qualquer entusiasta com um sorriso no rosto. Era o tipo de carro que fazia a gente querer dar uma voltinha a mais, só pelo prazer de dirigir.
Porém, apesar de sua popularidade, a Ford decidiu mudar o foco — sem trocadilhos. A marca optou por se dedicar às SUVs e veículos comerciais, que acabam trazendo mais retorno financeiro. O CEO Jim Farley disse que, embora os carros fossem amados, não justificavam um investimento maior. Com isso, outros clássicos como Fiesta, Mondeo e Ka também foram para o espaço na Europa.
O futuro em aberto
A fábrica de Saarlouis agora enfrenta um futuro incerto. Após uma tentativa frustrada de vender o complexo, ainda não há um comprador definido. Isso gera preocupações sobre os empregos e a produção na região. É uma situação difícil, especialmente para aqueles que têm o Focus em seu sangue.
Para tentar preencher essa lacuna, a Ford planeja lançar um novo crossover em 2027. A produção deve ocorrer em Valência, na Espanha, onde ele irá compartilhar plataforma com o Kuga, oferecendo versões híbridas e elétricas. Isso mostra que a Ford está se adaptando, mesmo se desfazendo de um clássico.
Mudanças à vista
A aposentadoria do Focus é só uma parte de um movimento maior na indústria automotiva. A Ford busca se afastar dos “carros chatos” e quer se concentrar em veículos mais icônicos, algo que já reflete na queda da sua participação de mercado na Europa. De 7,2% em 2015, a expectativa é que chegue a apenas 3,3% em 2025.
E tem quem diga que o nome Focus poderá voltar, mas agora na forma de um SUV, seguindo uma tendência de rebatizar modelos icônicos. Se isso acontecer, o novo crossover deve manter a essência do modelo original, sem deixar de lado a demanda por soluções híbridas e elétricas.
Entre incertezas e expectativas, a Ford Europa tenta se reposicionar. Sob o comando de Jim Baumbick, o objetivo é desenvolver produtos que ainda sejam relevantes e competitivos para o mercado europeu. Enquanto isso, a marca se despede de seus compactos clássicos, encerrando uma era que marcou gerações de motoristas. Quantos de nós passaram bons momentos no volante de um Focus, não é mesmo?
